segunda-feira, novembro 18, 2013

Gravidade

Sentia falta daqueles dias cheios de livros, cheios de biologia e história. Preenchidos de matemática e cobertos de literatura. Ia levando tudo bem sozinha, como a senhora feudal do seu próprio conhecimento. Ele passou os limites, rompeu as barreiras. Deixou que adentrasse a grande bolha em que estava para ver onde tudo ia parar. Com seu jeito maluco, estourou a bolha. Podia tocar todos ao seu redor e sentir o efeito daqueles dias tão cheios.
Deixou que adentrasse demais, se entregou e ficou dependente. Precisava daquele relacionamento, aquela mente a deixava excitada, agitada. Era tão errado, e ela com aquela ânsia de o consertar, endireitar tudo.
Partiram então para dias de imersão. Todas as energias estavam focadas naquela competição. Ou não. Gostava daqueles dias de Sol e das pequenas gentilezas, adorava ver que ganhava cada vez mais sua atenção. Era cuidadoso e agressivo, Amável e bruto. Conquistador e indiferente. Era tudo aquilo que precisava, um problema. Um paradoxo.
As tardes vieram por junta-los, assim como as consequências das distâncias.Ela queria que ele a tocasse. Ele queria tocá-la. Mas havia algo entre eles. Seus corpos se atraiam, como gravidade, e bem perto, quase lá. Então eram imãs oposto. Seus cachos quase se prendiam, uns aos outros, ma sela sempre desviava, com medo e receio. Sentia falta da bolha, da segurança e da distância. Era tarde demais, o seu desejo por domesticar e amansar, e por ser conquistada a levava cada vez mais perto do estranho rapaz.
Tão perto. E um beijo. Aquilo mudou tudo, ela queria mergulhar naquela sensação. A mãe na cintura, o cabelo roçando na testa, o jeito desleixado, a gravidade. Era o que queriam, mas estava ainda sim errado. Os dias seguiram estranhos, porém, ela se acostumou a dividir o fardo dos dias cheio com ele. Ele, por sua vez, se acostumou ao jeito doce e preocupado dela, mas era ainda o desajustado de sempre. Mais um beijo, esse  desajeitado e envergonhado, apressado. Foi dado com urgência, como quem tem medo que acabe. Tudo ficou mais estranho ainda. A estranheza parecia deixar tudo pior. Ou melhor. Desentendimento ocorreram, os lábios tocaram outros lábios, corações foram partidos. Mais um beijo. Esse foi daqueles de guardar pra sempre, mesmo sendo de fiel e grande amizade, foi um beijo apaixonado, de duas almas que se abraçam e que vão partir pra sempre. Dito e feito. Nunca mais os lábios se tocaram outra vez. Sentia ainda a mão firme e errada em sua cintura, sentia bater o coração mais forte com o nome errante.
Sentia falta dele, e ele dela. Sentia falta dos cachos, e da menina por debaixo deles.

Nenhum comentário :

Postar um comentário