quarta-feira, dezembro 04, 2013

Sampa

Nada como andar naquele mesmo cenário, andar sem rumo, ser uma paulistana. Não daquelas apressadas. Não hoje. Ando com cautela, sentido quando cada dedo meu toca o chão, como o vento desgrenha meus cabelos e o sol esquentar minha pele. Nada como ter uma adorável refeição, sem morte, sem dor. Apenas o indelével sabor da natureza. Conversar e compartilhar tal prazer, sempre se amplia na presença de uma pessoa querida, aquela com qual compartilhei tão intensos dias.
Deixo a em seu caminho e sigo o meu, sem pressa, e com uma curiosidade de quem não pertence ao lugar. Sigo o vento e a vontade, experimento cada sensação, sem reservas. Medito superficialmente sobre o que me circula e apalpo com os olhos tudo a minha volta. O piano me atrai, me seduzir e me chama. Toco timidamente meus dedinhos em suas gloriosas tecla. Envergonho-me e parto, de volta ao velho caminho.
Sinto a natureza me devorar, sendo indefesa e manipulável, permito que me conduza as conhecidas ruas do Bom Retiro.
Vou caminhando e reconhecendo tudo ao meu redor, a rua me chama para me misturar a ela, e vou. Chego ao conhecido santuário, repleto do Senhor, Ele me acalma, e eu me acalmo n'Ele. Eu pertenço a aquele lugar, é minha casa, meu lar. Com os olhos cansados, vou em busca do Sol do belo dia de quinta-feira. Estou então frente ao meu passado. Como é bom lembrar dos 15 anos, sentir e ouvir o nosso riso doce. É apenas triste lembrar que não as tenho assim, tão perto de mim, algumas nem tenho mais. O tempo e as mudanças levam tudo embora e só fica a saudade. Ah, a saudade. Aquela que tortura e dá alento. 
Ter saudade não é como lembrar, ter saudade é como querer voltar no tempo e reviver. É amar no passado. É um amor no pretérito imperfeito. Eu amava. Mas acaba virando então um  pretérito perfeito: eu amei. 
Nada volta a ser como antes, o que posso fazer então, se não prosseguir meu caminho e voltar a ser a velha paulistana apresada e nostálgica de sempre?

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