sexta-feira, agosto 24, 2012

Flor e Náusea

Parei e fixei o olhar tão perto que nem percebi. Olhei fixamente. Não gostei. Incomodava o modo como se olhavam, tocavam e falavam. Me dava nojo. Não, me dava náuseas isso sim. Desviei o olhar e refleti uns instantes, porque? Não era nada anormal, fora do padrão, mas estava terrivelmente errado. Parecia até sujo; imundo. Queria gritar aos dois para pararem com tudo aquilo, gritar quão errado era tudo aquilo. Porém estava naquele vácuo das privações, que barra os impulsos não agradáveis a sociedade. Porque agradar a sociedade? Porque viver nela? Queria tudo ao contrário então. Tudo sem limites. Mais leve e sem tantas restrições. Queria uma certa mudez, ou só a falta de julgamentos. Pronto! Decidi, queria a não consciência, o viver plenamente sem tantas explicações e rotulações. A linguagem nos limita a viver no mundo dos conceitos, o concreto nos foge ligeiramente pelas frases e palavras. Quebremos então essa barreira, nada de conceitos, só o real, o concreto.
Nada de beleza e perfeição, queria só a flor, sem reflexões sobre o que a cerca, só olha-la atentamente. Parei e fixei o olhar tão perto que nem percebi, a flor era a minha frente, e não me atinava a nada, existia e preenchia um lugar no espaço. Só. Era simples e concreta. Existia. Sem julgamentos. Sem náuseas.

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