segunda-feira, dezembro 06, 2010

A Voz

Havia um lindo casal a sua frente, que pareciam não se preocupar com mais nada além da simples existência um do outro. Ela os observava. O que havia de tão diferente naqueles risos e troca de carinhos? Pensava. Os olhos da menina brilhavam tanto que pareciam iluminar toda a a face. E começou então a lembrar. A quanto tempo os seus próprios olhos não brilhavam tanto assim? E temeu a a resposta. A verdade era que há muito tempo uma grande tristeza pairava o fundo de sua alma e roubara o brilho dos seus olhos. Mas porquê? Não sabia. Buscava mais a fundo naquelas lembranças quase esquecidas. Nada. Silêncio. O que havia de errado com ela? Será que não poderia mais ser verdadeiramente feliz? Não sabia. Encheu-se de dúvidas. Olhou ao seu redor. Via a felicidade por toda a parte. Porque ela tambem não poderia fazer parte? Poderia. Porém não estaria tão plena quantos os outros. Silenciou as perguntas em sua mente. Uma a uma. Devagar. E se deparou com a que mais a atormentava. "Percebe que sempre busca a felicidade nós outros, não acha que talvez esteja dentro de você?" Era verdade. Dura. Fria. A verdade. E com as mãos suando escondeu a face. Estava se torturando. Machucando-se. Isolando-se. E dessa vez não envolvia só o seu sofrimento, tinha mais alguém. O que faria? E pela segunda vez encheu-se daquelas perguntas atormentadoras. Não queria achar a resposta. Já sabia. Não acreditava. E todas aquelas coisas de que tudo pode dar certo? São bobagens. E a história de sempre dar uma chance as pessoas? Bobagens. E todo aquele otimismo e esperança? Bobagens. CHEGA! Foi o que gritou em sua mente. Era aquela voz. Aquela. Que a torturava sempre. E doia. E dessa vez foram profundas feridas. Queria gritar de novo mas sua cabeça estava explodindo. Dor. Tormento. Silêncio. Para onde fora a sua torturadora? Estava lá olhando cinicamente para o seu sofrimento. Ela preferiu ignorar. Fechou os olhos. E se deparou novamente com as terríveis perguntas. Teve medo. O que faria? Não aguentava mais a própria existência. Ficou indiferente. Sem lutar. Deixou que aquelas perguntas a enchessem por completo. Estava exausta. Tudo parecia girar a sua volta. Com um suspiro em meio à aquela confusão adormeceu.

Nenhum comentário :

Postar um comentário